As
dificuldades da mineradora Samarco em encontrar uma solução para estancar o
vazamento de rejeitos de minério da barragem de Fundão, em Mariana (MG), cinco
meses após o colapso da estrutura, ameaçam os planos da empresa de voltar a
operar ainda neste ano.
A autoridade
ambiental de Minas Gerais avalia que a Samarco deverá encontrar uma solução
para o problema nos próximos meses, mas ressaltou que a licença para a retomada
das operações da empresa só será efetivamente liberada após o vazamento ser
estancado.
As
controladoras da Samarco, a Vale e a BHP Billiton, esperam que a mineradora
volte a operar para gerar receita e arcar com os custos de indenizações
bilionárias acertadas com o governo federal, como reparações pelo vazamento,
consideradas o maior desastre ambiental do Brasil. Com o rompimento da
barragem, em 5 de novembro, cerca de 30 milhões de metros cúbicos (m³) foram
despejados de Fundão, destruindo comunidades e poluindo rios e o litoral do
Espírito Santo.
Segundo dados
do Ibama, após boa parte dos rejeitos de mineração escoar da barragem logo após
o rompimento da barragem, a lama continuou vazando, em proporções menores mas
contínuas nos últimos meses, em maiores volumes dependendo das chuvas que
atingiram a região.
O órgão
ambiental estima que cerca de metade dos 24 milhões de m³ que restaram no
reservatório após o incidente acabou vazando nos últimos meses, sendo que
aproximadamente 8 milhões encontraram caminhos no meio ambiente. Para conter o
vazamento, a Samarco criou um plano provisório com a construção de diques que
retêm os resíduos da barragem de rejeitos de minério de ferro, mas que não
estão sendo suficiente, segundo a coordenadora-geral de emergências do Ibama,
Fernanda Pirillo.
Três de
quatro diques previstos já foram construídos, sendo que os dois primeiros, de
16 mil m³ e 45 mil m³ de capacidade, já encheram e estão inoperantes. Um
terceiro dique, com capacidade para reter até 2 milhões de m³, está em
operação.
"Dá para
ver pelo somatório de volumes dos diques que essa é uma solução provisória, a
Samarco ainda está buscando junto aos órgãos licenciadores as soluções
definitivas", disse Fernanda.
"Quando
ela (a lama) passa pelo dique S3 (o terceiro dique)ele retém o material mais
pesado, mas deixa passar a água com volume de turbidez superior ao recomendado
pela legislação." O Ibama acompanha o vazamento devido a poluição do Rio
Doce, mas não tem competência para permitir o retorno da empresa.
Para voltar a
operar, a Samarco precisa de autorizações da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) e do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
A empresa já
deu entrada nos pedidos de licença ambiental na Semad para a utilização de duas
cavas para receber rejeitos em uma retomada de operação, que a empresa estima
que ocorra no último trimestre do ano. Segundo o subsecretário de Gestão e
Regularização Ambiental Integrada da Semad, Geraldo Abreu, as análises dos
documentos para a retomada da Samarco não levarão menos que seis meses.
"É claro
que nesse tempo eles já terão, sim, encontrado uma solução para que o material
pare de carrear para o rio. Quanto a isso eu não tenho dúvida, a licença não
sai antes disso", afirmou Abreu, nesta quarta-feira, à Reuters.
O Ministério
Público de Minas Gerais entrou com uma ação civil pública na Justiça Estadual
nesta semana, pedindo que a empresa interrompa o vazamento de lama que
"continua a poluir o meio ambiente" e que a empresa seja impedida de
operar no local "até que seja demonstrada em Juízo a completa
estabilização dos impactos ambientais".
A assessoria
de imprensa da Samarco afirmou à Reuters que as soluções provisórias
encontradas pela companhia estão dentro das normas ambientais e que uma solução
definitiva está em estudo.
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